KANT: ARQUITETURA E ESTÉTICA
Immanuel Kant foi um filósofo e professor
prussiano. De acordo com Danilo Marcondes, em a Iniciação da História da Filosofia, Kant formula um projeto de
filosofia crítica que visa dar conta da possibilidade do homem conhecer o real
e de agir livremente. A filosofia de acordo com Kant envolve o uso apenas da
razão, independente da experiência. Marcondes aponta que o filósofo afirma que
as experiências advêm das intuições e do entendimento e que não saberíamos que
significam nossas intuições sem conceitos.
Para o escritor Benedito Nunes, em Introdução à Filosofia da Arte, Kant
teve uma contribuição relevante no estudo da estética, por ter sido o filósofo,
quem estabeleceu, em sua Crítica do Juízo, a autonomia do domínio do Belo. Além
disso, Nunes apresenta as duas fontes do conhecimento kantiano: a primeira é a
sensibilidade, que diz que intuímos os objetos, e de acordo com as percepções
dos sentidos, representamos no espaço/tempo as formas de sentir, dando origem a
experiência sensível. A segunda é o entendimento, que é a faculdade de produzir
conceitos, ou seja está relacionado a sintetizar em conceitos as intuições da
sensibilidade.
Na Crítica do Juízo, Kant apresenta o
juízo de gosto ou juízo estético, que segundo Nunes está vinculado a forma de
comunicarmos em palavras e conceitos o sentimento da beleza. Disso, é abstraído
de acordo com Nunes, “a experiência estética, cujo objeto, o Belo, manifesta-se
por intermédios dos juízos de gosto, fundamentadas na satisfação interior,
desinteressada, de caráter contemplativo, proveniente das representações ou
intuições, desembaraçadas do conceito de Entendimento”. A experiência estética
é um fim em si mesma. Kant caracteriza a experiência estética como
“contemplação desinteressada” e “sem conceito”, que pode significar que nos
relacionamos com o mundo através da sensibilidade e do entendimento e essas
duas formas já existem em nós a priori (antes de qualquer experiência),
possibilitando representações que nos permitem estabelecer juízos a posteriori
(a partir da experiência). Por exemplo, a estátua de Pietá pode ser interpretada como uma representação
simbólica do sofrimento de todas as mães perante a morte de um filho. A beleza
formal da escultura estimula a nossa sensibilidade, provocando um estado
afetivo paradoxal: somos ao mesmo tempo tocados pela dor e atraídos pela beleza
da obra, daí está nossa experiência estética.
Segundo Kant, “o belo é forma da
finalidade de um objeto, enquanto é conhecido sem a representação de um fim”. Segundo Nunes, outra acepção de Kant é a Imaginação
que é a faculdade intermediária que liga as intuições da Sensibilidade aos
conceitos do Entendimento. Dessa forma, para o filósofo, se as intuições se
subordinam aos conceitos temos o conhecimento objetivo, mas caso se
complementem e universalizam, temos o prazer estético.
Em Parágrafos
Selecionados da Crítica da Faculdade do Juízo, Kant apresenta outras
concepções acerca da Estética. O filósofo afirma que Belo é o que é conhecido
sem conceito como objeto de uma complacência – sensação de prazer – necessária.
Nesses parágrafos é discutido a questão do sentimento do Sublime. O belo para
ele é o que encanta e o sublime é o que comove.
Segundo Kant, Sublime não está associado
as sensações empíricas e sim está no espírito daquele quem julga. Sublime para
ele é o que é absolutamente grande. Grande, segundo o filósofo é algo que se
pode comparar com um outro algo, enquanto absolutamente grande é algo que não
se pode comparar, é absolutamente grande em todos os sentidos, ou seja, o
sublime.
No Sublime dinâmico, Kant define: “A
natureza, considerada no juízo estético como poder que não possui nenhuma força
em nós, é dinamicamente-sublime”. Segundo ele, diante de determinados objetos
grandiosos da natureza, teríamos temor de sua força e quanto mais temeroso,
mais grandioso e sublime as consideraríamos, tendo em vista que isto elevaria
em nós a faculdade da imaginação de maneira sublime, reconheceríamos em nós
mesmos uma vontade superior de contemplar tal sublimidade que seria, em si
mesma, sublime por colocar-se acima de todo o medo diante da ameaça de tal,
principalmente em nossa capacidade de superação de uma repulsa inicial. Isso
seria a razão, que segundo Kant faria
com que nós tornássemos conscientes de sermos “superiores à natureza em nós e
também à natureza fora de nós”, já que o Sublime Dinâmico eleva a força da alma
e faz o ser descobrir a faculdade de resistência.
Immanuel Kant. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant> Acesso em 07 ago. 2019 |
Produzi esse texto para a disciplina de Estética
Arquitetura e Urbanismo | UFOP
2016.2
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